domingo, 15 de maio de 2011

QUEM AMA CUIDA

Gente, o curso 'Doença e Sintoma: caminhos de autoconhecimento e cura' no sabado passado(14.05) foi, como eu já havia falado sobre esse curso, um momento divino, especial, transformador.
 Fiquem atento, outros cursos, outras oportunidades virão!
Hoje me deu vontade de escrever sobre educação pais x filhos, escola x alunos e achei um texto da  Lya Luft, escritora de peso nesse assunto, que se intitula 'QUEM AMA CUIDA' .
Somos uma geração perplexa, somos uma geração insegura, somos uma geração aflita - mas, como tudo tem seu lado bom, somos uma geração questionadora. O que existe por aí não nos satisfaz. Sofremos com a falta de uma espinha dorsal mais firme que nos sustente, com a desmoralização generalizada que contamina velhos e jovens, com a baixa auto-estima e o descaso. Algum remédio deve ser buscado na realidade, sem desprezar a força da imaginação e a raiz das tradições - até no trato com as crianças.
Uma duradoura influencia em minha vida, meu trabalho e arte foram os contos de fadas. Esses relatos, plenos de fantasia, falam de realidade e mitos arcaicos que transcendem linguagem, raça e geografia e revelam muito a respeito de nós mesmos.
Nessa literatura infantil reúnem-se dois elementos que me apaixonam: o belo e o sinistro. Ela abre, através da imaginação, olhos e medos para a vida real, tecida de momentos bons e ameaças sinistras, experiencias divertidas e outras dolorosas - anulados: a força da inteligencia de pessoas, grupos ou povos ditos "fracos" inúmeras vezes derrota a brutalidade dos "fortes" menos iluminados. Porém o mal existe, a perversão existe, atualmente a impunidade reina neste nosso país, confundindo critérios que antes nos orientavam.
Cabe à familia, à escola e a qualquer pessoa bem intencionada reinstaurar alguns fundamentos de vida e instaurar  novos. Não vejo isso em certa - não generalizada - tendencia para uma educação imbecilizante de nossas crianças, segundo a qual só se deve aprender brincando. A escola passou a ser quase um pátio tumultuado, e a falta de respeito reproduz o que acontece tanto em casa quanto em alguns altos escalões do país. Essa mesma corrente de pensamento quer mutilar historias infantis arcaicas como a de Chapeuzinho Vermelho: agora, o Lobo acaba amigo da Vovó...e nada de devorar a velha, nada de abrir a barriga da fera e retirá-la outra vez. Tudo numa boa, todos na mais santa paz, tudo de brincadeirinha - COMO NÃO É A VIDA.
Modificam-se textos de cantigas como "Atirei um pau no gato", transformando-a em um ridículo: "Não atire o pau no gato" e outras bobajadas, porque o gato é bonzinho e nós devemos ser idem, no mais detestavel politicamente correto que já vi. O mundo não é assim. Coisas más e assustadoras acontecem, por isso nossas crianças e jovens devem ser preparados para a realidade. Não com pessimismo e cinismo, mas com a força de um otimismo lúcido.
Medo faz parte de existir, e de pensar. Não precisa ser o terror da violencia doméstica, fisica ou verbal, ou da violencia nas ruas  - mas o medo natural e saudavel que nos torna prudentes(não acovardados), pois nem todo mundo é bonzinho, adultos e mesmo crianças podem ser maus, nem todos os líderes são modelos de dignidade. Uma dose no trato com crianças ajudará a dar-lhes o necessário discernimento, habilidade para perceber O POSITIVO E O NEGATIVO, e escolher melhor. Temos muitos adolescentes infantilizados pelo excesso de proteção paterna ou pela sua omissão, na gravíssima crise de autoridade que nos assola; temos jovens adultos incapazes porque quase nada lhes foi exigido, nem na escola nem em casa. Talvez lhes tenham faltado a essencial atenção e o interesse dos pais, na onda do "tudo numa boa".
Dar a volta por cima significará mudar algumas posturas e opções, exigir mais de nós mesmos e de nossos filhos, dos professores e dos alunos, dos governos e das instituições. Ou vamos transformar as novas gerações em fracotes despreparados, vítimas fáceis das armadilhas que espreitam de todos os lados, no meio do honrado e do amoroso - que também existem e precisam se multiplicar. Não prego desconfiança básica, mas uma perspectiva menos alienada. Nem todos os amigos, vizinhos, parentes, professores ou autoridades nos amam e nos protegem. Nem todos são boas pessoas, nem todos são preparados para sua função, nem todos são saudaveis.
Para construir de forma mais positiva nossa vida, é preciso, repito, dispor da melhor das armas, que temos de conquistar sozinhos, duramente, quando não a recebemos em casa nem na escola: O DISCERNIMENTO. Capacidade de analisar, argumentar e escolher para o nosso bem - o que nem sempre significa para nossa comodidade ou sucesso fácil . Quem ama cuida: de si mesmo, da familia, da comunidade, do país. Pode ser difícil, mas é uma assustadora simplicidade, e não vejo outro caminho.
Lya Luft diz em outro texto que 'acredito que a gente pode repensar a vida...Educar e ensinar não deveria ser razão de tanto conflito, com melancólicos resultados como os que muitas vezes se veem por aí. Deveria ser motivo de interesse, adrenalina boa, entusiasmo - ainda que passado por muitos fracassos e frustrações, porque somos todos apenas humanos tentanto entender o mundo de Deus e as humanas trapalhadas.'

Gente o texto é grande mas não dá prá cortar e não fazer um estrago no raciocinio da escritora.

Termino com uma frase da música 'Serra do Luar' que ilustra o que é viver, educar, transformar: "viver é afinar um instrumento, de dentro pra fora, de fora pra dentro. A toda hora, a todo momento..."

Não consigo terminar esse tema acima ,tão denso, se não com suavidade e lá vai outra linda música que é Serra do Luar de Walter Franco


 


Angela.
beijo no seu coração

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